terça-feira, 7 de março de 2017

O poder do que fazemos, será que estamos sendo empáticos?

Esses dias em um grupo de amigos que participo, um deles fez um comentário que me deixou ligeiramente incomodado. Ele, um futuro papai, estava comemorando a maravilhosa notícia, e entre uma zoeira e outra, acabei mandando uma foto da minha Aranel. No auge da empolgação ele comentou: "Que linda, Kenobi irá pegar!"

Bom, antes de mais nada quero deixar claro que tenho plena convicção de que ele não fez de propósito ou na intenção de manter o status quo vigente da sociedade e que tenho uma grande estima por ele, e que esse evento permitiu que ambos evoluíssemos na direção de uma nova esperança para nossos padawans!


A paternidade pode transformar um homem. Por mais cliche que essa frase possa ser, é a mais pura verdade! Como homem, por mais que sempre tenha tentado vigiar meu comportamento, assumo completamente envergonhado que já fiz comentários que tinham um cunho preconceituoso ou machista, sempre escondido atrás do pensamento de que era apenas uma "brincadeira". Era incapaz de ter uma empatia verdadeira. 

Quando tive a certeza de que seria pai de uma menina, tomei um baque daqueles. Sabe quando você toma um soco no estômago? Então, foi assim que me senti! Eu não vou negar, sempre quis ser pai de uma menina e sabia que teria que prepará-la para ser forte. Para se levantar sempre, não importando o quão forte a vida lhe acertasse. E essa certeza, me fez refletir sobre minhas próprias atitudes e, claro, de todos aqueles que estavam ao meu redor. 

Não vou defender aqui o discurso feminista - não confunda com o discurso extremista - não tenho gabarito para tal, mas passei a me sentir muito incomodado com algumas falas. Coisas comuns nos discursos de pais como: meu filho será pegador ou meu filho irá namorar com sua filha, passaram a ter uma conotação tão pesada de significância que algumas vezes quase me irrito. Talvez essa reflexão só tenha ocorrido por saber as batalhas que minha pequena rebelde irá enfrentar contra esse império machista, mas gostaria de que um pai antes de mim tivesse tido a gentileza de me mostrar algumas coisas e me convidado a reflexão. Talvez algumas atitudes que tomei na vida tivessem sido diferentes e melhores.

Quando li o comentário desse amigo, confesso que fiquei sem chão. Primeiro por ver um comentário tão feio vindo de pessoas que são como irmãos para mim, segundo porque me vi sendo parte daquele grupo que ria e comentava - mesmo as mulheres - como se ele tivesse feito um elogio. Há algum tempo, eu estaria ali, alienado com a própria nocividade que estava destilando. Ok, agora posso estar sendo extremista, mas a história mostra que para quem oprimi e ofende o próximo, as reivindicações dos ofendidos soam sempre como descabidas. A palavra chave aqui, mais uma vez, é empatia!

Minha primeira vontade foi responder com um peculiar teor acido o comentário, pensei em passar na "brincadeira" uma explicação de como aquela frase me parecia inadequada. Confesso que não sei se todos no grupo teriam maturidade para interpretar a possível mensagem, refletir sobre suas ações e evitá-las. Fato é que refleti melhor e convidei esse amigo para uma conversa.

Expliquei para ele um pouco de tudo que disse acima, das dificuldades que nos passam aos olhos e não percebemos, das lutas que nos são invisíveis, das pequenas brincadeiras que são hostis e lhe pedi que não apenas não repetisse o comentário, como refletisse melhor sobre sua própria postura, fiz o que gostaria que outro pai fizesse por mim. Ele entendeu meu ponto, se desculpou e agradeceu o convite à reflexão. 

Confesso que foi uma oportunidade muito boa e me senti realmente satisfeito por ter escolhido essa opção, tenho esperanças de que essa pequena atitude, de ambos, possa contribuir para um mundo melhor para nossas pequenos. 

Em momento oportuno, irei ter essa conversa com cada um dos meus amigos e amigas e o mais importante continuarei a vigiar meu comportamento!

E vocês, passaram por alguma mudança? Presenciaram algum comentário que julgaram inapropriado? Vamos continuar essa conversa nos comentários!

Fique a vontade para participar de nossas conversas!
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